Uma aventura em Tiradentes-MG

Entre os dias 19 e 22/11, feriadão de Zumbi no Rio de Janeiro, eu e Claudio fomos para Tiradentes em Minas Gerais para descansar um pouco, sair da rotina, e de quebra encontrar um grupo de amigos (éramos 12 ao todo) para beber, comer e conversar. Dudu, meu amigo que é chef de cozinha, que eu já citei aqui trocentas vezes, estava à frente da organização do programa. Segundo ele, além da Pousada ser excelente (Pousada Calçada São José – Pouso Campestre), o Wagner e a Du, casal proprietário da Pousada, eram excelentes anfitriões. E de quebra, o Wagner era Chef de cozinha de primeiríssima. Iria nos preparar um bacalhau na sexta à noite e um tropeiro no sábado. Era tudo que eu precisava para o meu final de semana!!

A Pousada realmente é uma delícia. Distante do centro da cidade, com uma área verde imensa e muito bem cuidada, tem clima de campo, muito charme na decoração, quartos bem equipados, café da manhã maravilhoso, enfim, um local para você esquecer o resto do mundo e descansar. A sensação que temos é a de estarmos em uma fazenda familiar.

Pousada Calçada São José, Pouso Campestre, em Tiradentes-MG

Pousada Calçada São José, Pouso Campestre, em Tiradentes-MG

Viajamos pra Tiradentes na quinta-feira de manhã, com chegada na hora do almoço (veja meu post sobre o restaurante Kitanda Brasil). À noite tivemos uma pequena ideia do talento do nosso anfitrião Wagner, com algumas entradinhas que ele nos serviu (kibe cru de cordeiro, conserva de jiló, tomates frescos com manjericão e alho) e da sua esposa Du, com sua deliciosa e reconfortante sopinha de legumes.

Nosso jantarzinho na noite de quinta feira na Pousada Calçada São José

Nosso jantarzinho na noite de quinta feira na Pousada Calçada São José

Na manhã da sexta-feira, ficamos encantados com o café da manhã comandado pela Du. Delicioso! Tudo feito com carinho, cada detalhe… O iogurte feito por ela, os bolinhos especiais (banana com granola), os pãezinhos recheados, os sucos feitos na hora, cada dia um sabor diferente. E os ovos fritos à moda da casa, feitos pelo Wagner, com queijo e alho frito… um luxo!

Eu e a Du no salão de café da manhã da Pousada Calçada São José

Eu e a Du no salão de café da manhã da Pousada Calçada São José

Neste ponto vou dar uma pausa nas comilanças para contar sobre a aventura em que nos metemos…

Resolvemos fazer uma trilha ecológica para melhor conhecermos a região, pois a pousada tem uma localização excelente para quem gosta de trekking, afastada do centro da cidade, localizada bem no pezinho da serra (Serra de São José). Depois de algumas orientações da Du, saímos por uma das trilhas já demarcadas pelo Wagner, tranquila, sem erro, era só seguir o caminho até lá em cima. Beleza. Saímos sem pretensão de demorar, nem colocamos protetor solar (estava nublado), nem mesmo levamos uma garrafinha de água…

Seguimos felizes pelo caminho descrito pela Du, passamos pela Calçada dos Escravos (resquícios dos caminhos abertos pelos escravos no século 18 para o transporte do ouro), pela porteira (fim da propriedade), pelo mirante, pelo “labirinto de pedras”. A partir daí não tínhamos mais referências e deveríamos voltar, na verdade. Mas somos muito aventureiros (metidos a “cavalo do cão”, como se diz na minha terra) e resolvemos seguir a trilha, pra ver se chegávamos  na parte mais alta da serra (que chega a 1260m de altitude), num ponto mais próximo da cidade de Tiradentes. Queríamos ter uma visão dela lá de cima…

Calçada dos Escravos, mirante e a cidade de Tiradentes vista do alto da serra

Aí começaram os problemas, hehehe. O sol surgiu, inclemente. No 3º km uma das minhas botas perdeu a sola… No 4º km a foi a vez da outra bota. Mas chegamos na parte mais alta da serra, vimos a cidade de Tiradentes aos nossos pés, tiramos fotos, e em vez de voltarmos, não… achamos que tinha alguma descida mais próxima, que seria melhor continuarmos… e nesse ínterim não aparecia uma alma viva pra nos dar uma informação!! Nem uma plaquinha perdida, hahaha.

Vimos a cidade de Tiradentes passar ao largo, terminou ficando pra trás e nada de aparecer uma descida. Mas estávamos tranquilos, afinal, sabíamos exatamente onde estávamos, só não sabíamos como descer!! Feito gatos em cima do telhado, haha!! Não tínhamos sinal de celular. Nem água. Nem protetor solar…. uuuiiiii.

Enfim, chegou um ponto que minhas botas já estavam atrapalhando mais do que ajudando. Vislumbramos um lugar pra descer da serra, que não era trilha demarcada, mas que dava pra encarar. Desci bem devagar, pra tentar manter as palmilhas embaixo do meu pé. Nem pensamos em retirar o cadarço pra amarrá-las. Marinheiros de primeira viagem mesmo!! Chegando lá embaixo, joguei fora as minhas imprestáveis botas, as palmilhas já eram. Só pedi a Claudio que me cedesse as meias dele, assim fiquei com duas meias em cada pé. A essa altura já estávamos “no chão”, pelo menos. Mal sabíamos nós que ainda tínhamos uns 3km pela frente!!

Minhas botas, que ficaram imprestáveis... rsrsrs.

Minhas botas, que ficaram imprestáveis… rsrsrs.

Cachoeira em algum ponto da trilha

Cachoeira em algum ponto da trilha

De repente um barulho de água… uma cachoeira! Que maravilha. Me refresquei. Tomei também um pouco d’água. Chegamos em uma barragem e aí não sabíamos mais pra que lado ir, não víamos mais a trilha. Caiu uma chuva torrencial nesse momento.

Tínhamos que proteger as câmeras!! Sorte que Claudio havia levado um saco plástico. Daí passamos por cima da barragem e seguimos uma trilha do outro lado. Pra resumir, finalmente chegamos numa mineradora, uns caras nos disseram que estávamos em “Santa Cruz de Minas”. Outra cidade! Andamos mais um pouco e ao vermos um carro se aproximar, pedimos carona. Ele nos deixou num ponto de ônibus para dali então irmos pra Tiradentes. Eu subi no ônibus encharcada e de meias, hahahaha. Andamos ao todo pouco mais de 10km, em 4 horas e meia, um bom gasto calórico não?!

Chegamos na rodoviária de Tiradentes, pegamos um táxi imediatamente que nos levou finalmente para a Pousada. Todos estavam querendo saber notícias nossas, preocupados. O melhor de tudo era que eu sabia que um banquete nos aguardava!!! Mas antes dele, um banho beeeeeeem quente!!!!

E mais tarde começamos a repor todas as energias perdidas. “Vol-au-vents” de queijo brie com damasco. Bruschettas de abobrinhas com queijo gorgonzola (divinas!!), “pesto siciliano” (feito com tomate seco, alho, azeite e nozes), pastinha de azeitona preta e cogumelos refogados. Tudo isso regado com alguns excelentes espumantes que nós levamos (boa parte do grupo era da ABS).

Vol-au-vents de brie com damasco, bruschettas de abobrinha e gorgonzola e pastinhas...

Vol-au-vents de brie com damasco, bruschettas de abobrinha e gorgonzola e pastinhas…

Depois chegou o rei da noite, o bacalhau! O Wagner o preparou de forno, com brócolis, batata, chuchu, pimentão vermelho, azeitonas pretas, alho, cebola e muito, muito, muito azeite! O lombo era alto e super macio. Uau!! Vinho tinto para acompanhar. De sobremesa, banana caramelada feita pela Du, sorvete de creme e doce de leite caseiro. E um “sauternes” (vinho branco de sobremesa) francês pra fechar com chave de ouro!!

Bacalhau preparado pelo Wagner, e doce de banana da Du

Bacalhau preparado pelo Wagner, e doce de banana da Du

No próximo post, vou falar um pouquinho da cidade de Tiradentes, que visitei apenas no dia seguinte, e o fantástico Tropeiro que o Wagner nos preparou. Eu fiquei tão empolgada com a aula que recebi que repeti a receita no final de semana seguinte e darei as dicas todas pra vocês. Aguardem!!

5 pensamentos sobre “Uma aventura em Tiradentes-MG

  1. Geniaaaaaaaaaaaal, Lu! As fotos estão demais! Foi Claudinho? Está cada vez mais profissional. Vamos fazer algo assim Juntos, quando eu for para o Rio? Amo tu!

  2. Lu!! Já estava querendo comentar esse post desde o outro dia e não consegui!
    Gente… Passei mal com a sua história, que odisséia!!! Depois de tudo ainda ter q pegar ônibus de meias e ainda um táxi! Vcs estavam muito longe! Hahaha

    Eu amei aquela foto com as mesas de madeira e as taças arrumadas, gente, q encanto de lugar!! As (os?) vol-au-vents (tive q voltar para ver como escreve) deviam estar maravilhosas, amo Brie com Damasco!! O doce de leite caseiro amo tb!! Tudo com cara apetitosa.

    Adorei!! Delícia de programa, hein!

    Bjs

  3. Pingback: Feijão Tropeiro do Delícia | Na mesa com Lu Hazin

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