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Delícias de Noronha – Parte 2

No post anterior, falei falei falei, mas não botei foto nenhuma da Baía dos Porcos, outra praia que considero paradisíaca (só perdendo pra Praia do Sancho). A visão do alto, a partir do mirante que tem na trilha que sai da Praia do Sancho, é uma visão que fica gravada pra sempre na retina. Lembrei do que disse um poeta italiano: “Vi Nápoles, posso morrer”. Pensei nisso quando vi a Baía dos Porcos, mas não posso morrer ainda! Há muito ainda pra eu ver, comer, sentir, experimentar, ouvir, beber, …. mesmo que nada possa se comparar à beleza dessa praia.

Baía dos Porcos (com os morros Dois Irmãos)

Baía dos Porcos (com os morros Dois Irmãos)

Enfim, eu fiquei de contar sobre o festival gastronômico, evento altamente disputado e famoso que ocorre na Pousada Zé Maria, em Fernando de Noronha, todas as terças e sábados. Na semana do reveillon, a disputa era ainda maior. Tínhamos que fazer reserva e pagar antecipado. No meu caso, consegui que fôssemos incluídos na lista de “convidados especiais do administrador da Ilha”, graças ao marido da minha sobrinha, Guga, que já promoveu festa de reveillon em Noronha e conhece pessoalmente o administrador atual. Nessas horas, nada como conhecer gente influente …. hehehehe.

Eu e Claudinho tomamos um vinho branco, à espera do Festival Gastronômico na Pousada Zé Maria

Eu e Claudinho tomamos um vinho branco, à espera do Festival Gastronômico na Pousada Zé Maria

O festival é uma loucura, uma orgia gastronômica. A gente chega, senta na mesa reservada, um garçom super simpático vem oferecer bebida e nos servir um amouse-bouche (no caso foi um caldinho de peixe e um casquinho de caranguejo).

Amuse-bouche (casquinho de carangueijo e caldinho de peixe)

Casquinho de caranguejo e caldinho de peixe

Depois temos que aguardar que arrumem a grande mesa, quando então nos dão um sinal para nos aproximarmos, pois o Zé Maria em pessoa, faz a apresentação das iguarias, num estimulante discurso. Aí vc pode imaginar, é carneiro assado, peixes de diversas formas (inclusive cru, como sashimis, ceviches, etc), carne de sol, camarão, frango, carne de boi, frutos do mar de uma maneira geral, e vários acompanhamentos, tipo arroz, farofas, saladas, maioneses, etc. Vc tem que fazer uma escolha, pois sabe que não poderá provar de tudo. Eu não contei, mas ele falou que são 48 pratos diferentes (incluindo os acompanhamentos). Eu consegui experimentar uns 15, em mínimas porções: paella, carneiro, peixe assado, siri-mole, maionese de camarão, ceviche, arroz de jaca (ele disse que era imperdível e realmente, estava muito bom), farofa de pão (também dita por ele como sua marca registrada, e nós adoramos, foi o melhor de tudo!), bacalhau, e alguns outros que não lembro mais.

A grande mesa do festival gastronômico com 48 pratos, entre carnes, frutos do mar e acompanhamentos diversos

Algumas das saladas e guarnições do festival gastronômico

Algumas das saladas e guarnições do festival gastronômico

Pratos quentes diversos (frango, bacalhau, peixe...)

Pratos quentes diversos (frango, bacalhau, peixe…)

Digo a vocês o seguinte: é bem legal ver toda aquela fartura, aquela variedade, mas impressionou muito mais aos meus olhos que ao meu paladar. Sabe que quando se faz algo em grande quantidade, perde-se em qualidade. Não vou retirar o mérito do Zé Maria, que construiu algo que já está se tornando tradição e atrai turistas do mundo todo, mas nunca vi um ceviche tão sem graça, e uma carne de carneiro tão dura. Aplausos ao arroz de jaca e a farofa de pão, que segundo soube, ele não revela os segredos.

O famoso Zé Maria, fazendo a apresentação dos pratos de seu festival

O famoso Zé Maria, fazendo a apresentação dos pratos de seu festival

Depois disso tudo, há uma outra mesa faraônica de sobremesas, apresentada por seu filho, Tuca, que me agradou menos ainda (a mesa, não o filho). Me marcou apenas uma mousse de goiaba com creme de queijo, uma espécie de “romeu e julieta”. No mais, são tortas, pudins, pavês, doces, frutas, etc…  A grande verdade é que eu não curto sobremesas.

Mesa de sobremesas do festival gastronômico

Mesa de sobremesas do festival gastronômico

No último dia que ficamos em Noronha, era o primeiro dia do ano, a maioria dos restaurantes estava fechada! Mas por recomendação do Pedro, dono da Pousada Del Mares, onde estávamos hospedados, fomos ao Restaurante da Edilma, ali mesmo, na Vila dos Remédios. Comemos uma “sinfonia marítima” feita na hora (levou quase uma hora e éramos os primeiros clientes). Estava deliciosa, embora os camarões fossem bem pequenos, mas havia ainda polvo, lula, marisco, mexilhão e peixe.

Sinfonia Marítima no Restaurante da Edilma, na Vila dos Remédios

Sinfonia Marítima no Restaurante da Edilma, na Vila dos Remédios

Não sei se um dia volto a Fernando de Noronha, mas certamente guardarei grandes lembranças.

Em maio vou tirar férias outra vez e aí já estamos com passagens compradas para o México. Daqui pra lá, muita coisa ainda vai rolar por aqui. Aguardem!

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Delícias de Noronha – Parte 1

Praia do Sancho, na minha opinião, a mais bonita do Brasil

Praia do Sancho, na minha opinião, a mais bonita do Brasil

Vou repetir o que todos já estão cansados de saber (e mesmo assim continuam ignorando): o Arquipélago de Fernando de Noronha é um lugar mágico, paradisíaco, divino, fantástico. Todos deveriam conhecer um dia. As palavras que conheço são insuficientes para expressar o quão bonita a Praia do Sancho é; o quão original e selvagem a Baía dos Porcos é. Estou pra ver no mundo locais mais incríveis do que estes. E nem estão assim tão invadidos por turistas. Claro, turistas sempre há em qualquer lugar do mundo (e são todos destruidores) mas podíamos em pleno verão, na praia mais bonita de lá (Sancho, a meu ver), às vésperas do reveillon, em pleno meio-dia, visualizarmos não mais do que 20 pessoas na praia (vejam na foto). Incrível né? Bem, isto aconteceu, em parte, porque os preços estavam abusivos demais e também porque o brasileiro não sabe valorizar o que tem de melhor. Prefere torrar seus suados reais nos EUA ou na Europa, que aliás, estão com passagens e estadias atualmente mais baratas; ou ir para Cancún, considerada a concorrente número um de Fernando de Noronha. E já que é assim…. é pra lá que eu vou nas minhas próximas férias, uhúúúúú!!!!

A primeira vez que estive em Noronha foi em 2005. Seis anos depois, encontro as praias no mesmo estado, felizmente. Estão sendo bem preservadas. Sabiamente, a administração não facilita o acesso às praias mais bonitas, o que termina limitando muito o número de pessoas que as frequentam. Para vê-las, é preciso ter dinheiro no bolso e boa disposição para caminhadas e exercícios. A Praia do Sancho, só de barco ou descendo por uma fenda na rocha, a 50m de altura da praia, através de uma escada de ferro encravada na pedra, aliás, duas escadas. Mas “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”…

Pousada Del Mares em Noronha

Pousada Del Mares em Noronha

Ficamos hospedados na Pousada Del Mares, do Seu Lula e do Pedro (seu genro), na Vila dos Remédios, uma localização muito boa, próxima a praia do Cachorro e do Meio. Durante uma semana. Uma mísera semanaaaaa!!! Tínhamos que ter ficado por uns MESES lá!!!! Quem sabe, quando nos aposentarmos…

Em termos de experiência gastronômica, não podemos reclamar. Nem tudo estava mil maravilhas, é verdade, mas a maioria estava razoável e algumas experiências foram surpreendentes! A primeira incursão foi no simples Empório São Miguel, na Praça dos Flamboyans, onde comemos um camarão à milanesa, por sugestão do garçom que

Camarão à milanesa do Empório São Miguel, em Noronha

Camarão à milanesa do Empório São Miguel, em Noronha

garantiu que não nos arrependeríamos. Estava saboroso sim, mas não havia nada de original (vieram empanados, com molho de tomate, purê de batatas). O camarão estava graúdo e deliciosamente crocante. Há que considerar que eu estava faminta, hehehe.

No segundo dia, aí sim!!!!! A experiência foi inesquecível. De entrada, pedimos os famosos (e polêmicos) bolinhos feitos de tubarão, chamados de “tubalhau”, em referência, claro, aos bolinhos de bacalhau. Crocantes, bem saborosos. De principal, comi um peixe (cavala, “o peixe da ilha”, está presente em todos os cardápios de Noronha e invariavelmente, reina soberana como única opção de peixe) com castanhas de caju acompanhado de um gratinado de abóbora com camarão. Sensacional. Preciso tentar eu mesma repetir aquele prato… Isto foi no restaurante Xica da Silva (leiam resenha aqui), que terminou provando ser o melhor de todos que experimentamos por lá. Estava lotado, mas o atendimento foi eficiente e simpático, o que muito me surpreendeu (pela eficiência, não pela simpatia, que é o normal do povo nordestino).

Cavala grelhada com castanhas e gratinado de abóbora com camarões

Cavala grelhada com castanhas e gratinado de abóbora com camarões

"Tubalhau", bolinho feito com carne de tubarão, faz lembrar o bolinho de bacalhau

“Tubalhau”, bolinho feito com carne de tubarão, faz lembrar o bolinho de bacalhau

Outra experiência muito interessante que tivemos foi no Restaurante Mergulhão, na parte mais alta do Porto de Noronha, com bela vista, em que experimentamos um ceviche (que deveria vir com molho de maracujá e tangerina, mas só tinha a tangerina), depois um polvo grelhado, com molho de caju (nunca tinha pensado antes num molho de caju…) acompanhado de arroz de castanha. A combinação ficou bem legal. E de sobremesa um sorvete com calda de pitanga e farofa de castanha. Para arrematar, um café passado na hora, na frente do cliente. Originalíssimo.

Ceviche com tangerina e pimenta rosa!

Ceviche com tangerina e pimenta rosa!

Polvo com molho de caju e arroz de castanhas

Polvo com molho de caju e arroz de castanhas

Sorvete de creme com calda de pitanga e café passado na hora - Restaurante Mergulhão

Sorvete de creme com calda de pitanga e café passado na hora – Restaurante Mergulhão

 

Aliás, vi um (tubarão de verdade!) vivinho da silva, medindo pouco mais de 1 metro, na Baía de Sueste, embora tenha tentado evitar dar de cara com um deles. Não são assim tão assustadores! A foto abaixo não me deixa mentir.

Tubarão na Baía de Sueste, em Noronha

Tubarão na Baía de Sueste, em Noronha

No próximo post, vou mostrar aqui algo imperdível: um festival gastronômico do qual participamos, com 48 pratos diferentes, além de dezenas de sobremesas, na famosa Pousada Zé Maria.