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Mont Saint-Michel

Ir ao Mont Saint-Michel sempre foi um dos meus maiores sonhos, apesar de que se eu for listar todos os lugares que sonho em conhecer… seria uma lista interminável. Mas o Mont tinha um valor especial pra mim, pois sempre achei-o mágico, não só por sua posição geográfica, mas também por sua curiosa geometria, que, de longe, parece um cone gigantesco. Isto sem falar de sua história, pois sou fascinada por construções antigas, da era medieval, tais como catedrais, abadias, muralhas, torres e castelos. Enfim, topei fazer esta viagem desde o princípio só por causa dele, do Mont…

O imponente Mont Saint-Michel

Como já falei no primeiro post sobre essa viagem, o Mont Saint-Michel é uma ilhota, e um monte também claro, onde foi construída uma abadia e santuário em homenagem ao Arcanjo São Miguel.

Essa história começa lá em 708, quando um bispo francês (de Avranches) mandou construir um santuário em honra a São Miguel, após ter sonhado com ele 3 vezes. Depois, já no século 10, monges beneditinos se instalaram por lá e foi quando, aos poucos, uma vila foi se formando na base do monte. Muitos peregrinos iam até lá, em busca de espiritualidade. No século 13 foi construída a muralha, que fortifica todo o monte. Resistiu a muitas guerras e tentativas de destruição. Depois da Revolução Francesa virou um presídio, até 1863. Hoje em dia é Patrimônio Mundial da Unesco (desde 1979). Imagine então, quanta história já se desenrolou dentro de suas muralhas…

Vistas das suas muralhas

Outra coisa interessantíssima em relação ao Mont é que ele era uma ilha conectada ao continente por um istmo, acessível apenas nas marés baixas. Com o tempo, as imensas planícies que ficavam alagadas em seu entorno, foram sendo transformadas em grandes pastagens e por isso hoje o Mont está mais próximo do continente. O rio que passa ali também foi canalizado de forma que diminuiu bastante a quantidade de água em torno da ilha. Hoje em dia há um passarela construída por sobre o seu istmo que permite que as águas passem por baixo e possibilitando acessar o Mont a qualquer hora do dia, mesmo nas marés altas. Ele recebe em torno de 3,5 milhões de visitantes por ano. Incrível não?! Há grandes estacionamentos e ônibus que levam os turistas até a porta do Mont. Quem quiser pode ir caminhando a partir do estacionamento (são 3km), ou de charrete.

Passarela que liga o Mont Saint-Michel ao continente e charrete que leva turistas

Enfim, saímos de Saint-Malo bem cedo para chegarmos cedo ao Mont Saint-Michel, queríamos aproveitar ao máximo. Levamos apenas 1 hora de carro. Adentramos suas muralhas ainda com relativamente poucos turistas, dava pra caminhar com facilidade pela vilinha que fica a seus pés. Fomos caminhando bem devagar, curtindo o momento, olhando as lojinhas e subindo, subindo, subindo…

Vila aos pés da Abadia do Mont Saint-Michel

Chegamos enfim aos pés da Abadia, onde há uma grande escadaria. Você então é levado a um grande salão de recepção, onde compramos ingressos (10 euros por pessoa). Há opção de aluguel de audio-guia. Veja todas as informações turísticas aqui.

Então continua-se subindo até o ponto mais alto, onde está a igreja, que fica no topo. Confesso que achei que a subida era mais “pesada”, achei tranquilíssima. No terraço em frente à igreja tem-se uma bela vista do entorno do Mont. Curioso observar grupos que caminhavam juntos nas areias ao redor da ilha (a maré estava vazia nesta hora, claro). Acredito que eram grupos guiados, pois pelo que soube, há trechos em que a areia é movediça…

Estava acontecendo uma missa na Igreja, assisti por alguns instantes, um coro de vozes belíssimo. Depois fomos descendo e conhecendo os salões da Abadia por dentro. O Claustro estava em reforma, infelizmente, pois pelo que vi em fotos na internet ele é bem bonito.

Depois do tour, estávamos todos famintos. Tentamos o La Mère Poulard, famoso restaurante em que são servidas omeletes do tipo “soufflée“, bem aeradas. Os ovos são batidos por muito tempo, até chegar no ponto certo. Diz-se que os comensais podem observar os cozinheiros batendo os ovos e que é interessante o barulho que eles fazem. Mas enfim, encontramos um outro restaurante, o La Vieille Auberge, que também servia omeletes (que segundo eles, era igualzinha a do La Mère), além de várias outras opções no cardápio. Ficamos num terraço externo e sofri um pouco com o frio, estava ventando. Mesmo assim pedi cerveja :).

Então, claro, que optei pela omelete soufflée, eu não ia deixar o Mont sem conhecê-la. Cláudio apostou nos “moules” (mexilhões) com fritas, já que estávamos à beira-mar. Achei minha omelete meio decepcionante… Ela era bem feitinha e tal, fofinha, por dentro o ovo não fica totalmente cozido, (sim, fica um pouco de ovo cru), mas não tem recheio nenhum, nem queijo, nem nada. Ou seja, é uma espuma macia e frita, com gosto de ovo, :|. Os mexilhões também não estavam fantásticos, já comemos melhores, mas tava melhor que minha omelete. Mas pelo menos as batatas fritas estavam saborosas!! E a cerveja super gelada!! Temos que ser justos, rsrsrs.

“Omelette soufflée” e “moules frites”

Depois voltamos a Saint-Malo e mais tarde, rodamos o centro histórico em busca de um restaurante. Encontramos uma “crêperie”, estávamos com frio e fome, resolvemos entrar logo para não perdermos tanto tempo rodando. Pedimos “galettes” (crepes feitos com trigo sarraceno) e mais uma vez, fiquei um pouco decepcionada… A de Paris estava infinitamente melhor. Esta estava engordurada demais (não sei porque tantas batatas de acompanhamento) a massa não estava tão crocante, a cebola crua e ácida… Enfim, achei-a grosseira. De qualquer forma curti o momento, tomamos vinho, relaxamos e voltamos felizes para o hotel.

Em falar em hotel, recomendo este de Saint-Malo! O La Villefromoy, a 2,5km do centro histórico, quarto muito confortável, café da manhã é pago por fora, você pode pedir no quarto, como fizemos, mas pode-se optar pelo buffet. O hotel fica a uma quadra da beira-mar (onde aproveitamos para dar uma corridinha, hehe).

Hotel Villefromoy em Saint Malo e beira-mar uma quadra adiante

No próximo post: Honfleur! Se você não está acompanhando a viagem desde o início, então acesse os posts: Férias à vista!, Paris, Château de BlavouDinan e Saint Malo.

E uma novidade!!! Estou viajando com meu marido pelo Canadá!! Ficaremos até dia 18/06, portanto até lá não farei publicações. Mas quando voltar, terei muitas dicas!! Aguardem!! Abaixo, mais uma foto do grupo com o Mont…

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Paris – O início da viagem

Já havia ido à Paris 3 vezes, em ocasiões bem diversas. A primeira vez foi em 1993, com apenas 23 anos. Meu coração foi arrebatado por aquela cidade. Impossível não se apaixonar por ela. Não sei a realidade de quem vive lá, principalmente nos dias atuais, onde uma grande onda de imigrantes invade o país e a Europa. A situação dessas pessoas é de cortar o coração…

Mas afora os problemas que toda grande cidade tem, eu diria que Paris é uma cidade “unânime” no que diz respeito aos turistas, pois não há quem não goste dela e não há quem não se sinta absolutamente feliz ao andar por suas ruas, ou à beira do Rio Sena. Ela é um museu a céu aberto. Seus prédios históricos, grandiosos, seu rio imponente, caudaloso, transeuntes bem vestidos, charmosos, seus bistrôs em cada esquina, cadeirinhas nas calçadas… todas essas imagens marcam sua alma pra sempre.

Nossa viagem se iniciou aqui, onde encontramos nossos companheiros de aventura, dois casais queridíssimos. Mas antes de partirmos de carro até nosso destino principal (Mont Saint-Michel), tivemos um dia inteiro para curtir a cidade. Como já havíamos feito turismo a relativamente pouco tempo por lá (há uns 5 anos atrás), resolvemos tirar o dia para fazer umas compras básicas, já pensando em nossa próxima viagem para o Canadá, que já será dia 21 desse mês!!!

Mas antes das compras, havia algo mais importante a fazer: correr!!! É a nossa mania atual, :). Foi de leve: 4 km. Difícil foi aturar o frio nos pulmões: 4 graus. :|. Lado bom: ver o prédio do Louvre livre dos turistas, tirar fotos ao lado da pirâmide sem ninguém pra atrapalhar, assistir ao sol iluminando a cidade aos poucos…

Depois da corridinha, tomamos um café maravilhoso, com “coisinhas” francesas, no apartamento de meus primos, regado a croissants e queijinhos locais. Só então saímos para bater perna. Compramos umas roupas especiais, tipo 2ª pele (de lã, pra suportarmos o frio), luvas, mochilas, meias e casaco (Uniqlo). Passamos “por acaso” na frente da Prefeitura da cidade, da Notre-Dame, do Centro Georges Pompidou.

E andando tanto assim, claro que tínhamos que dar uma paradinha para repor as energias. Um almocinho leve…

Escolhi uma “crêperie”, pois na França se faz crepe como em nenhum outro lugar! Adoro as “galettes” que nada mais são do que crepes salgados (“crêpes salées”) feitos com trigo sarraceno (ou trigo-mourisco). Essas “galettes de sarrasin” têm uma textura diferenciada, mais crocante. É típica da cozinha bretã, mas você encontra em toda a França. Até no Rio tem, e boa! A “Le Blé Noir”, em Copacabana. Não tirei fotos do ambiente do restaurante, peguei na internet, vejam só as referências ao filme Star Wars… Você parece estar em uma nave espacial, rsrsrs. Nada a ver com galettes, mas enfim…

No “formule midi” (cardápio de almoço) do dia, ao preço de 12,90 euros, tinham duas opções de galettes à escolha do freguês, além de uma bebida e duas opções de crepes doces (crêpes sucrées). Minha bebida foi a tradicional para acompanhar a galette: uma deliciosa cidra (você escolhe entre a “sec” e a “demi-sec”). Optei pela galette “Polyphème” com os queijos Emmental, Chèvre (cabra) e Coulommiers (primo do Brie), acrescido de nozes e salada à parte. Estava muito boa, super bem feita e de um tamanho ótimo para uma pessoa. Minha sobremesa foi um crepe com geleia de morango (neste caso, do crepe doce, a massa é com trigo tradicional). Pensei que seriam com morangos frescos, daí fiquei um pouco frustrada… mas valeu :). A de Cláudio foi com nutella. As outras disponíveis não estavam no “formule midi”, eram de muitos sabores diferentes, algumas bem apetitosas, com chocolate derretido, biscoitos, frutas, sorvetes… Vejam o cardápio completo no site do Odyssey.

No final do dia, voltamos para nosso hotel, que por sinal era muito bem localizado, próximo ao Louvre. Indico, pois apesar de ter um quarto pequeno, ele é bem moderno, equipado, organizado e como já falei, super bem localizado. Vocês não vão acreditar, mas chamava-se Odyssey hahahaha. Juro que foi coincidência!!! Não sei se são do mesmo proprietário, mas com certeza, ambos são apaixonados pelo filme Star Wars. No quarto, você também se sente em uma nave espacial, kkkk, confiram as fotos no site do hotel.

À noite saímos pra “balada”. Mentira, rsrs… Na verdade saímos para um “botequim” muito legal, com piano, música ao vivo, sem palco, do tipo bem informal, com uma pessoa ao piano e outra cantando por entre as mesas do pequeno salão. É um bar já bem conhecido dos meus primos, ele mesmo (meu primo) dá uma canjinha ao piano de vez em quando. Chama-se “Aux Trois Mailletz“. Adorei a noite, pois havia uma cantora ucraniana (Alexsandra), cantando óperas, em italiano e francês, inclusive “Carmem”, de Bizet, que amo de paixão. A voz dela era maravilhosa. Tomamos vinho branco e pedimos uma tábua de queijos, além de uma porção de “moules” (mexilhões), que estava, pro meu paladar, um pouquinho salgada…

Ah, no caminho pra lá passando pela “Pont Neuf” próxima a Notre-Dame, flagramos o sol se pondo, imenso e vermelho, no horizonte em cima do Rio Sena, um verdadeiro espetáculo…

No próximo post, vocês vão conhecer o Château de Blavou, lugar onde passamos duas noites, situado dentro de um parque natural, na região da Normandia, a 165 km de Paris. “Très intérresant”!!

 

Estrasburgo – Alsácia – França

Em 2009 fiz uma viagem para a França, mas naquela ocasião uma região ficou inexplorada: a Alsácia (Alsace). Região que faz fronteira com a Alemanha e Suíça. Este ano, não perdi a oportunidade de conhecê-la e não me arrependi!! Quase todas as cidadezinhas são aconchegantes, charmosas e com excelente gastronomia.

Catedral de Estrasburgo

Catedral de Estrasburgo

Entramos na Alsácia por sua capital, Estrasburgo (Strasbourg em francês), fronteira com a Alemanha. Uma cidade com menos de 300 mil habitantes, mas com uma história fascinante. Fundada em 12 A.C., possui uma catedral belíssima, finalizada em 1439. Foi a igreja mais alta do mundo até 1880 quando foi ultrapassada pela catedral de Colônia, outra magnífica igreja.

"Petite France", parte da cidade com casas pitorescas à beira do Reno

“Petite France”, parte da cidade com casas pitorescas à beira do Reno

Estrasburgo já foi francesa, depois alemã, depois francesa outra vez, mais uma vez alemã (na 2ª Guerra Mundial) e no final da guerra, voltou a ser francesa, finalmente. Daí sua gastronomia sofrer uma influência alemã tão forte. Aliás, é assim em toda a Alsácia. Lá, são tradicionais uns biscoitos amanteigados, que atraem milhares de turistas. Limitei-me a degustar unzinho em uma de suas famosas lojas de biscoitos. Para mim, nem chegou aos pés dos biscoitos amanteigados da Escócia! Tenho verdadeira paixão por eles…

Ficamos hospedados num Ibis da vida, afastado do centro da cidade, porém, a 100m do hotel, havia uma parada do “tramway”, um metrô de superfície que nos levava até o centro. Dessas facilidades fantásticas que encontramos na Europa…

"Tramway", metrô de superfície, em Estrasburgo

“Tramway”, metrô de superfície, em Estrasburgo

Neste primeiro dia, após visita à catedral (subimos sua torre, 330 degraus, 66 m de altura, tem que ter muito fôlego, mas vale a pena!) e uma boa caminhada por suas ruelas históricas, no entorno da igreja, resolvemos almoçar no Chez Ivonne, restaurante tradicional, ambiente bem pitoresco. Nos instalamos no primeiro andar da casa, pois estava praticamente lotado! Comi um “tranche de dos de porcelet farci” (fatia das costas de leitão recheado), e meu marido “quenelles de foie” (bolinhos de fígado), ambos acompanhados de batatas “sautées” e salada. São comidas bem típicas alsacianas, um pouco pesadas talvez, por causa da presença alemã, mas muito saborosas. Vinho branco local, delicioso, servido numa jarrinha de louça. Um charme!

"Tranche de dos de porcelet farci" - Chez Ivonne, Estrasburgo

“Tranche de dos de porcelet farci” – Chez Ivonne, Estrasburgo

"Quenelles de foie" - Chez Ivonne - Estrasburgo

“Quenelles de foie” – Chez Ivonne – Estrasburgo

Vinho branco alsaciano - Chez Ivonne - Estrasburgo

Vinho branco alsaciano – Chez Ivonne – Estrasburgo

Dia seguinte ainda perambulamos muito pela cidade, conhecemos a “Petite France”, pequeno trecho à beira do Rio Reno, cheio de casinhas com madeirame, e vários “bateaux” levando turistas pra cima e pra baixo. Num certo momento dei de cara com uma feira local, que não deixo nunca de explorar. Acho o máximo descobrir ingredientes que nunca vi.

Feira livre em Estrasburgo

Feira livre em Estrasburgo

Depois almoçamos num pequeno restaurante de “galettes”, que nada mais são que crepes feitos com trigo sarraceno, mais crocante e saboroso que o trigo tradicional. Pedi uma galette com recheio de presunto, queijo emental, ovo, cogumelos e cebolas caramelizadas. Excelente. E pedi pra beber o mesmo que todos estavam pedindo nas mesas do lado: cidra! Era especialidade da casa, que se chamava: “La Bolée… de Cidre”. Ainda comemos uma galette doce, com banana e nutella… hummmmmm.

"Galette" do "La Bolée..."

“Galette” do “La Bolée…”

Ainda há muito para falar da Alsácia, o que deixarei pra fazer nos próximos posts. Cidades lindas, pratos deliciosos, me aguardem!!!