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Moqueca de camarão

Moqueca de camarão na panela de barro

Moqueca de camarão na panela de barro

Sábado passado fiquei com vontade de matar as saudades dos sabores da minha terra natal: Recife. Na verdade eu queria comer uns caranguejos à beira-mar com um copo de cerveja gelada do lado… Na impossibilidade, fui na feira da Rua Paulo Barreto em Botafogo ver o que tinha de interessante. Terminei por comprar camarões (meus filhos adoram) e decidi fazer uma moqueca. A dúvida passou a ser: a baiana ou a capixaba? Fiquei no meio, indecisa. Terminou que não foi nem uma nem outra. A baiana leva leite de coco e azeite de dendê, já a capixaba não leva nenhum dos dois ingredientes, mas vai muuuuito coentro. Eu fiz apenas com dendê. E sem coentro, só salsinha e cebolinha. O leite de coco usei para fazer o arroz.

Uma vez postei aqui a receita de Vatapá Baiano. A Moqueca é mais leve, mais prática. Mas pede uma panela de barro. Se você não tiver, tudo bem, faça numa panela tradicional, mas assim que tiver uma oportunidade de comprar uma, compre!! Quando estive em Guarapari há uns anos atrás, aproveitei para comprar um conjunto.

Moqueca de Camarão

(Porção para 6 pessoas)

Ingredientes:

1kg de camarão descascado e limpo

1/2 litro de caldo de camarão

sal e pimenta-do-reino q.b.

1 cebola grande picada

3 dentes de alho picados

2 tomates sem sementes, picados

1 pimentão médio picado

2 pimentas-dedo-de-moça sem sementes, picadas

azeite extra virgem q.b.

2 colheres sopa de azeite de dendê

4 colheres sopa de cheiro-verde picado

Ingredientes da moqueca de camarão

Ingredientes da moqueca de camarão

Modo de preparo:

Tempere os camarões com sal e pimenta-do-reino a gosto. Reserve. Pique todos os ingredientes antes de começar. Coloque a panela de barro para esquentar, ela demora um pouco. Coloque o azeite extra virgem e o azeite de dendê, deixe esquentar. Acrescente a cebola e deixe fritar um pouco. Acrescente o alho, mexa, frite mais uns minutos. Depois coloque os tomates, o pimentão, as pimentas e refogue um pouco. Acrescente o caldo de camarão (coloquei do pronto que vende em pó, mas vc pode fazer com as cabeças do camarão) e deixar apurar um pouco. Acrescente os camarões, tampe a panela e deixe cozinhar uns 10 min. Está pronta para servir.

A Moqueca em três momentos

A Moqueca em três momentos

Arroz de coco

1 cebola picada

2 dentes de alho

azeite

sal

1 xic cheia de arroz

200 ml de leite de coco

Modo de preparo:

Faça arroz como de costume. Refogue um pouco a cebola no azeite, acrescente o alho, refogue mais um pouco. Acrescente o arroz, misture com o refogado. Salgue a gosto e coloque a garrafinha de leite de coco. Acrescente água fervente suficiente para cozinhar o arroz. Tampe a panela e deixe cozinhar em fogo baixo. Quando secar está pronto.

Moqueca de camarão com dendê

Moqueca de camarão com dendê

Sirva a moqueca com o arroz. Se quiser, pode preparar uma farofa de dendê e alho, bastando apenas fritar o alho picado no azeite e acrescentar a farinha de mandioca torrada. Não esquecer de botar um pouco de sal e pimenta do reino. Ela ficará bem amarelinha, crocante e saborosa.

Taí, um prato fácil, super saboroso, ideal para reunir a família num domingo. Sirva um vinho branco, ou mesmo um espumante gelado, que a primavera já chegou e o calor vai começar!!

 

 

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Culinária Nordestina – Litoral

Eita que agora eu num paro mais! Comecei a falar do meu querido nordeste, me animei, se preparem que vou falar mais um tiquinho…

Quando os portugueses aportaram na Bahia, depois espalhando-se pelo restante do Brasil, trouxeram o conhecimento de várias técnicas culinárias, além de diversos ingredientes que não existiam aqui (como por exemplo, o azeite de oliva). Os índios já possuíam hábitos alimentares marcantes, que influenciaram a gastronomia brasileira, como por exemplo o gosto pela pimenta e o uso da mandioca. Com a vinda dos negros da África, outros ingredientes se somaram, como o azeite de dendê e o leite de côco. Desta forma, a cozinha do litoral brasileiro, muito rico em peixes e frutos do mar, é uma mistura da técnica e produtos dos colonizadores com ingredientes usados pelos indígenas e africanos.

Moqueca de camarão acompanhada de pirão e farofa de dendê

Além dos peixes, são muito consumidos os crustáceos, como o camarão, a lagosta e o caranguejo (receita do casquinho aqui no meu blog). Preparos típicos litorâneos incluem as moquecas, os caldinhos de polvo, sururu, marisco, aratu (é tudo de bom!!!!), ostras, fritadas diversas, caldeirada de frutos do mar e os famosos pratos baianos, como bobó de camarão, vatapá, acarajé, etc. Quase todos são preparados à base de leite de côco, pimenta, dendê, azeite de oliva e quase sempre temperados com coentro e cebolinha, além dos tradicionais alho, cebola, tomate e pimentão.

Caldeirada de frutos do mar, típica em Pernambuco

Uma curiosidade: há controvérsias a respeito da origem do vatapá. Já se sabe que da África vieram o dendê e o côco. No livro que estou lendo do historiador e antropólogo Luís da Câmara Cascudo (História da Alimentação no Brasil) ele diz: “O mais famoso e nacional dos pratos afro-brasileiros é o vatapá, cozidos de peixe ou de galinha, podendo-se fazer de carne verde, peixe fresco ou salgado, assando-se, ou de bacalhau. A base é a espessa papa de arroz ou de farinha de mandioca, camarões e adubos tradicionais, europeus e indígenas. Já incluem o pão dormido, tomates, pimentões verdes e ervilhas.” Mais adiante ele acrescenta: “O mistério da origem do vatapá não exclui a pátria africana ocidental, banto ou sudanesa. Há por toda essa orla atlântica, muitos acepipes parecidos e aparentados com o admirado quitute da Bahia, diferenciados pela denominação, até hoje sem identificação como sendo a fonte do vatapá”.

Portanto, se não há prova em contrário, o vatapá é brasileiríssimo!!! Vai a receita:

Vatapá baiano com camarões (para duas pessoas bem servidas)

Ingredientes: 1 posta média (250g) de namorado (ou outro peixe firme), 200g de camarão cinza médio limpo e descascado, 1 unidade (50g) de pão francês dormido, 100ml de leite de côco, 5g de castanha de caju torrada, 5g de amendoim torrado, 30ml de azeite de dendê, ¼ de cebola (30g) picada, ½ pimenta dedo de moça picada (sem sementes) ou pimenta calabresa, 300ml de caldo de camarão e peixe (ver abaixo), 4 ou 5 unidades (25g) de camarões secos picados (sem cabeça), 1 colher sopa de coentro picado, 1 colher chá de gengibre ralado, pimenta do reino a gosto (para temperar o peixe e os camarões), sal a gosto.

Caldo de camarão e peixe

Ingredientes: 400ml de água, cascas dos camarões e aparas do peixe, 30g de cenoura em rodelas, 15g de cebola fatiada, 3 talos de coentro.

Modo de preparo do vatapá:

Coloque o pão de molho no leite de côco. Descasque os camarões e limpe-os. Retire o couro e espinhas do peixe, cortando a carne em pequenos cubos. Coloque as cascas dos camarões e aparas do peixe (exceto o couro) numa panela com a água juntamente com os temperos. Deixe cozinhar para extrair o caldo (uns 10 ou 12 min em fogo baixo, após a fervura) . Enquanto isto, tempere os camarões e o peixe com sal e pimenta do reino. Passe no liquidificador o pão com o leite de côco, as castanhas e amendoins (se necessário, acrescente um pouco de água).

Coe o caldo de peixe e volte ao fogo baixo colocando para cozinhar neste caldo os cubos de peixe. Se formar uma espuma por cima, retire. Depois que cozinhar, coe, reserve o caldo e o peixe.

Numa panela, refogue a cebola no azeite de dendê, acrescente os camarões secos bem picadinhos, a pimenta dedo de moça, e os camarões frescos (separe alguns para grelhar e enfeitar). Depois junte o creme de pão, o caldo de peixe e o peixe cozido. Deixe em fogo baixo por alguns minutos, mexendo sempre. Acrescente o gengibre ralado. Cozinhe mais um pouco e acrescente o coentro picado. Deixe cozinhar até dar o ponto ideal, quando adquire uma consistência cremosa. Acertar o sal e pimenta, se necessário.

Servir com arroz branco.

Vatapá baiano com camarões

Culinária Nordestina – Sertão

Hoje resolvi falar um pouquinho sobre a gastronomia da minha terrinha querida, que morro de saudades e que nem me dava conta, quando estava lá, de que era tão maravilhosa! Por que deixamos para valorizar mais as coisas depois que perdemos?!

Quando pensamos na culinária do Nordeste, precisamos entender que existem essencialmente duas: a do sertão e a do litoral.

A culinária típica do sertão nordestino é muito característica e bem diversa da culinária do litoral. Inclui ingredientes como a manteiga de garrafa (também chamada de manteiga de gado), queijo coalho, queijo manteiga, carne de sol (também chamada carne de sertão), bode, carne de charque (ou carne seca), rapadura, mel de engenho, feijão de corda, feijão verde, farinha de mandioca.

carne de charque

Carne de charque de lagarto

É uma cozinha que foi desenvolvida a partir de condições climáticas muito difíceis. O clima é extremamente seco e quente, e que os portugueses colonizadores precisaram se adaptar para criar o gado, afastado do litoral devido às plantações de cana. As comidas precisariam ser resistentes, por isto é tão utilizado o sal para a conservação das carnes, a exemplo da carne-de-sol, produzida até hoje de modo artesanal. Ela difere da carne de charque no que diz respeito a quantidade de sal. A carne de charque admite até 15% de sal, já a carne de sol, atinge 5% de sal. Além disso, diferente do que se pensa, a carne de sol é seca ao vento, em local protegido, e por pouco tempo, para manter sua umidade, que deve ficar em torno dos 70%. O Nordeste é o lugar o ideal para a produção dessas carnes, devido à baixa umidade do ar. Com estas duas carnes há uma infinidade de preparações culinárias.

Já o feijão verde e o de corda, utilizados ainda novos, recém debulhados, são utilizados em diversos pratos, como o “arrumadinho” e o “baião de dois” ou simplesmente cozido na água com temperos básicos, inclusive o coentro, para acompanhar a carne de sol.

Além do boi, o bode foi um animal que se adaptou muito bem ao sertão, daí ser tão consumido (cozido ou assado) e tão valorizado pelos sertanejos. Um prato muito típico é a “buchada de bode” (feita com miúdos picados, temperados e cozidos dentro do próprio estômago do bichinho).

Manteiga de garrafa ou manteiga de gado

Manteiga de garrafa ou manteiga de gado

A manteiga de garrafa origina-se do cozimento lento e longo do creme de leite oriundo do leite de vaca, produzindo uma manteiga mais resistente. Normalmente, ela fica em estado líquido, se for mantida em temperatura ambiente. Tem um sabor característico e é muito utilizada nos pratos que levam carne-de-sol, carne seca e macaxeira (aipim ou mandioca).

Estes são alguns dos ingredientes típicos do sertão e algumas de suas utilizações, mas para conhecer bem esta gastronomia é necessária toda uma vida. Até hoje, quando viajo ao Nordeste, ainda descubro novas receitas!!

Recentemente, preparei um escondidinho de charque com queijo coalho. Como foi aprovadíssimo, repasso pra vocês:

Escondidinho de Carne de Charque (Carne Seca) com Queijo Coalho

Ingredientes para o purê:

500g de macaxeira (aipim), 125ml de leite, 25g de manteiga, sal e pimenta branca a gosto

Ingredientes para o recheio:

250g de carne de charque (carne seca) preferencialmente de lagarto (menos gordurosa), 1 cebola roxa pequena picada (60g), 25g de manteiga de garrafa, 50g de queijo coalho ralado, sal e pimenta do reino a gosto, 180g de requeijão.

Carne de charque desfiada e refogada

Carne de charque desfiada e refogada

Modo de preparo:

Cozinhe e amasse a macaxeira com um espremedor de batatas, retirando os talos internos. Junte o leite aos poucos até ter um purê firme. Acrescente a manteiga e tempere com sal e pimenta. Reserve.

Corte a carne com cubos, escalde, cozinhe em panela de pressão por uns 12 min e desfie. Refogue a cebola roxa na manteiga de garrafa, acrescente a carne e refogue um pouco mais. Reserve.

Montagem:

Espalhe uma camada fina do purê no fundo de 4 ramequins. Distribua o recheio de carne por cima de purê. Cubra com requeijão (distribuído para as 4 porções) e depois com o restante do purê. Finalize com o queijo coalho ralado. Asse em forno pré-aquecido a 200 graus até dourar. Está pronto para servir.

Delííííííícia!!!!

Escondidinho de charque

Escondidinho de charque com queijo coalho

Receita de casquinho de caranguejo

Uma das coisas mais deliciosas da minha terra natal é o tal do caranguejo. Sou fã. Não há uma só vez que eu volte a Recife e não coma uma iguaria preparada com este crustáceo. Ele próprio, inteiro, cozido com temperos verdes, tomate e cebola, é simplesmente divino…

Então resolvi preparar eu mesma aqui no Rio.  É fácil de fazer e super saboroso. Uma opção diferente para ser servida de entrada em festinhas íntimas. Comprei a carne de caranguejo no Arataca, uma casa que vende produtos do Norte e Nordeste no coração de Copacabana. Já vem toda tratada e pré-cozida, uma maravilha. Só vende o quilo (se não me engano R$ 45,00), mas você pode dividir em duas ou três partes e congelar o restante para outra ocasião. Foi assim que fiz. Ah! lá também vende os casquinhos do caranguejo, já limpinhos. Em casa, claro, antes de usar você deve lavar bem, com cuidado para não quebrar.

Casquinho de caranguejo

Segue a receita:

Casquinho de Caranguejo

Ingredientes:

 200g de carne de caranguejo

1 tomate grande (150g) sem pele e sem semente  bem picado

1 colher sopa de extrato de tomate

1/2 cebola média (80g) picada

¼ de pimentão verde (50g) picado

1 dente de alho picado

¼ de molho de coentro e cebolinho picados

50ml de leite de coco

3 colheres sopa de azeite de oliva

pimenta calabresa a gosto (ou dedo-de-moça)

1 colher chá de amido de milho

sal q.b.

1 limão

12 casquinhos de caranguejo vazios e limpos (ou ramequins)

Farofa de alho, manteiga e dendê

Ingredientes:

1 dente de alho pequeno picado

1/2 colher de sopa de azeite de dendê

1 colher sopa de manteiga

100g de farinha de mandioca grossa (usei a farinha d’água)

Modo de preparo do caranguejo:

Frite a cebola no azeite, acrescente o alho, deixe dourar um pouco e depois acrescente o pimentão e o tomate, refogando alguns minutos. Junte o caranguejo e refogue mais um pouco. Acrescente o leite de coco, o extrato de tomate e tempere com sal e pimenta. Deixe ferver uns 15 minutos. Dissolva o amido em um pouco d’água, despeje sobre a carne e mexa até ferver. Ao final, acrescente o coentro e cebolinho.

Modo de preparo da farofa:

Em uma frigideira derreta a manteiga com o dendê, coloque o alho e refogue um pouco em fogo baixo para não queimar a manteiga. Acrescente a farinha, mexendo sempre até ficar crocante.

Finalização:

Recheie os casquinhos (ou ramequins) com o caranguejo e cubra com a farofa. Sirva com uma fatia de limão.

Deliciem-se!!!

Casquinho de caranguejo no ramequim