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Lyon, França – Parte 3

Em nossa segunda semana em Lyon, já nos sentíamos “em casa”. Após nossa viagem no primeiro final de semana para a Região do Beaujolais, voltamos à rotina de aulas de francês e comidinhas em casa, regadas a vinhos locais e cervejas especiais. Tudo mil maravilhas.

Cada dia a gente escolhia um lugar diferente para explorar no final do dia, já que as aulas acabavam por volta das 15h. Num desses dias fomos até o encontro dos Rios Saône e Rhône, chamado de “Confluence”. Um bairro interessante, bem moderno, com shopping e um Museu (Museu de La Confluence) ultra moderno. Não entramos, mas curtimos bastante o seu “design”.

“La Confluence”, onde os Rios Saône e Rhône se encontram (embaixo à direita, Museu de La Confluence)

De lá, voltamos caminhando pela Rue Victor Hugo toda de comércio (mais em conta que a Rue de La Republique) até a Place Bellecour, que aliás é importante saber que é a terceira maior praça da França e uma das maiores da Europa. Estava fazendo sol neste dia e ela estava deslumbrante. Perto dali, tem uma rua repleta de restaurantes, a “Rue des Marronniers” (Marronnier é o nome da árvore cujo fruto é a castanha-da-índia). Seguimos a indicação de um amigo de uma prima minha, que é lyonnais, e fomos ao “La Mère Jean“.

Rue Victor Hugo e Place Bellecour e vista da Basilique Notre Dame de Fourvière

A dica era experimentar um prato típico de Lyon, chamado “Quenelle“. Trata-se de uma massa em formato oval, tipo um nhoque gigante, feito de farinha, leite e ovos. O molho tradicional é de peixe (Lúcio, que se encontra ali no Rio Saône), mas alguns levam lagosta também. O nosso era assim, molho cremoso sabor lagosta. Gratinado. Demorou um pouco, mas avisaram antes que era feito na hora e tal, tínhamos que ter paciência… Pedi uma porção de pão pra enganar a forme e a garçonete disse que não ia trazer, acreditam??!! Disse que eu tinha que esperar pois o prato já era muito calórico, hahahaha. O vizinho da mesa ao lado ficou com pena de mim e me deu parte da porção de pão que estava em sua mesa. Rimos muito com isso.

Meu marido não gostou muito da tal da “Quenelle”. Eu que curto massa até que gostei. E gostei mais ainda do molho, bem saboroso. Um prato realmente calórico. E como se não bastasse ainda servem batatas fritas pra acompanhar, o que eu achei completamente desnecessário. Dividimos uma Quenelle para nós dois e foi mais que suficiente, rsrsrs.

Restaurante La Mère Jean e a “Quenelle”

A melhor parte foi a da sobremesa, também típica de Lyon: “Tarte aux Pralines”. Uma espécie de quiche doce. O recheio é feito com as “pralines roses” que são amêndoas cobertas de açúcar (caramelizadas), com algum corante “rosa-chock”, hahaha. Eu não estava levando fé nenhuma, mas como sou curiosa, resolvi experimentar. Gostei tanto que comi outras vezes depois, como por exemplo, na popular casa de chá e restaurante “Paul”, a mais saborosa “tarte aux pralines” que comi em Lyon. Dos deuses.

“Tarte aux Pralines” do La Mère Jean

“Tarte aux Pralines” do Paul

Noutro dia voltamos lá no “La Mère Jean” para experimentar mais uma das iguarias de Lyon: “les tripes” (tripas!). Aliás, tem muito prato típico à base de miúdos e tripas nos “Bouchons” (bistrôs típicos de Lyon). Esse prato era parecido com nossa dobradinha, porém, sem o feijão branco, ou seja, só mesmo o “bucho” cozido. Na Cidade do Porto comemos tripas muuuuuito mais saborosas que estas (vai ter post no futuro, aguardem!).

“Les tripes”

Outra especialidade lyonnaise servida nos Bouchons  é o “Tête de Veau” (cabeça de vitelo). No nosso último dia em Lyon, despedida da cidade, elegemos o “Bouchon Colette“, na popular Rue Mercière. Aliás, turistada toda vai lá porque é uma infinidade de restaurantes, um colado no outro, pra todos os gostos. Os moradores locais nem gostam muito de indicar restaurantes de lá, dizem que não são tão pitorescos, mas estávamos sem muito tempo pra pesquisar outro neste dia.

Cláudio, corajoso, enfrentou o “Tête de Veau”. Vieram uns pedaços de carne cozida da cabeça do vitelo, que deduzimos ser da bochecha, testa, língua… acompanhava batata cozida e um molho tipo tártaro. Eu pedi um outro prato também típico chamado “L’Andouillete“. Uma espécie de salsicha, recheada com carne de porco, tripas e outros miúdos,  cortada em pedaços e gratinada. Era meio esquisita… tinha um sabor bem marcante. Não estava ruim, mas também não adorei, rsrsrs. A cerveja estava excelente!

“Bouchon Colette” na Rue Mercière, 62

Penso que quando a gente viaja, tem que experimentar de tudo!! Tem coisas que você ama, outras nem tanto, mas como entender a cultura local sem conhecer o que as pessoas comem?!! E claro que não é só comida né, tem que procurar também saber um pouco da história da cidade, do país, suas raízes culturais (danças, músicas, roupas, hábitos, enfim…) senão será uma viagem incompleta.

No próximo post, contarei aqui nossa viagem à Grenoble, Annecy e outras surpresinhas mais!!! 😀

 

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Lyon – França – Parte 1

Place des Terreaux – Lyon (Prédio da Prefeitura)

No ano passado, eu e meu marido decidimos que neste ano de 2018 faríamos um curso de conversação na França. Estávamos no nível B2.2 de francês da Aliança Francesa no segundo semestre de 2017, mas não chegamos a terminá-lo. Preferimos contratar uma professora particular e começamos a priorizar a parte mais difícil do aprendizado de uma nova língua: falar. Claro que já tínhamos uma boa noção. Os anos na Aliança nos deram uma base bem sólida. E a partir de então alimentamos essa ideia de escolher uma cidade na França para estudarmos. Excluímos Paris de cara, pois além de já conhecermos bastante, seria uma opção muito cara. Somado a isso, tenho grande atração por cidades do interior. Então comecei a considerar a cidade de Lyon.

Place Bellecour – No coração de Lyon

Terminamos decidindo mesmo estudar em Lyon, devido também à grande ligação dessa cidade com a gastronomia. Há grandes restaurantes, grandes Chefs, mas principalmente, ótimas escolas e cursos para quem quer aprender um pouco da culinária local e clássica. Eu poderia unir o útil ao agradável 😉 Vejam minha resenha sobre a Brasserie Le Nord, fundada pelo Chef Paul Bocuse, que tivemos o prazer de conhecer, em Lyon.

Chegamos à cidade num domingo ensolarado de maio, vindos de trem de Paris, e fomos direto para “nossa casa”, um apartamento que alugamos no Airbnb, na Rue de la Martinière, centro da cidade. Muito legal por sinal. Super bem localizado, a 600m de nosso curso, com mercados próximos, além de muitas opções de restaurantes, bares, padarias e comércio variado. Uma delícia! Foi a experiência mais próxima de “morar fora” que tive em minha vida. E a mais saborosa, literalmente. Ao lado do meu apartamento tinha um mercado de orgânicos, que cogumelos eram aqueles???!!!! Sempre frescos e apetitosos. Por este motivo, muitas vezes preferimos jantar em casa mesmo, pois cozinhar com ingredientes de primeira é sucesso garantido!!! Qualquer coisa que eu inventasse dava certo, fosse pelo clima europeu, pelo vinho nacional barato e maravilhoso, por estarmos de férias, enfim, por eu também ter algum talento, hehehe, cada experiência foi memorável.

Place des Jacobins – Lyon

Difícil contar aqui tudo o que vivemos em 3 semanas, serão necessários muitos posts. Mas vou escolher um pedacinho de Lyon de cada vez, contar o que eu lembrar, para que eu mesma nunca mais esqueça.

De manhã cedo, 3 vezes por semana, saíamos muito cedo para correr na beira do Rio Saône, um dos dois rios que cortam a cidade. O outro chama-se Rhône, que nasce nos Alpes Suíços, cruza a Suíça e vem se juntar ao Saône em Lyon. De suas margens nascem os emblemáticos vinhos “Côtes-du-Rhône“, muito bons. Depois o rio prossegue até o Mediterrâneo onde deságua.

Encontro dos Rios Rhône e Saône

Ciclovia e pista para corrida na margem do rio Rhône

A margem dos dois rios são fantásticas pra correr, protegidas por um muro alto, não dava pra ouvir o barulho dos carros que passavam. O rio é verde escuro e suficientemente transparente para se ver os peixes. Sempre tinha alguém pescando pela manhã. O Rhône é ainda mais transparente. Na outra margem do rio Saône, a cidade antiga, a “Vieux Lyon“, que nos dava ainda mais inspiração pra correr, com seu casario antigo e colorido que enchia nossos olhos e nosso imaginário. Terminávamos a corrida e íamos na “boulangerie” (padaria) da esquina e comprávamos uma baguete “cereales“, ainda morna, para comermos com manteiga (deliciosa, com cristais de sal), queijo brie ou camembert em nosso apartamento. Posso até sentir o sabor…

Beira do Rio Saône – Lyon – Onde corríamos de manhã cedo

Rio Saône – Vieux Lyon

No dia mesmo em que chegamos, fomos à Vieux Lyon, a parte mais antiga da cidade. Demos uma caminhada pela Rue Saint-Jean, a principal, cheia de lojas e restaurantes, com prédios antigos. Como sempre, a parte mais pitoresca e simpática de qualquer cidade europeia.

Vieux Lyon – Rue Saint-Jean

Estávamos famintos, procuramos um lugar que nos chamasse alguma atenção, mas vocês sabem, quando a gente tá com fome e com pressa, não sabemos tomar a melhor decisão. O restaurante chamava-se “Petit Glouton“, e arrisquei um carneiro grelhado. Cláudio, meu marido, preferiu um joelho de porco. Os bistrôs de Lyon (“Bouchons’) são famosos por sua comida caseira, porém nem um pouco light, 😛 . Não achamos nada de especial. As batatas vieram gratinadas, acompanhadas de tomates recheados e salada básica.

Joelho de porco e Cordeiro grelhado, no Petit Glouton

Nesse mesmo dia à noite, fizemos compras e improvisei um espaguete orgânico (feito com trigo, quinoa, alho e salsa), com um molho preparado com cogumelos frescos, brócolis, alho, cebola, azeite, manteiga (na França, é imprescindível, hoje não deixo de acrescentá-la em meus pratos), vinho branco e creme de leite fresco, que você encontra de infinitos tipos, com consistências diferentes. Uma maravilha. Cervejinha do lado pra inspirar, e depois um bom vinho francês pra acompanhar o prato!!! Chef Lu Hazin arregaçando as mangas 😆

Macarronada vegetariana improvisada

 

Tem mais de Lyon em breve!