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Borgonha – França

Minha ficha ainda está caindo, mas já estou no Brasil, em casa, voltando aos poucos à minha rotina. Tenho frequentado as aulas da faculdade, mas não voltei ainda ao trabalho, o que me dá um pouco mais de tempo para me readaptar ao meu dia-a-dia. Tenho até o dia 02/11 para “descansar” da viagem. Isto mesmo, descansar e … “cair na real”. Não é fácil voltar depois de tantos dias maravilhosos na Europa, principalmente quando seu último destino foi a França. Fico sempre com uma sensação esquisita e contraditória. Feliz e triste ao mesmo tempo. Feliz de rever meu lar, meus filhos, Lean (minha whippet), de dormir em minha cama outra vez… Porém, é intraduzível a opressora sensação de acordar de um sonho fantástico, daqueles que você gostaria que se prolongasse por muito mais, muuuuuuuito mais tempo. No entanto, esta viagem me serviu para determinar um objetivo em minha vida (e eu costumo cumprir meus objetivos, ainda que a longuíssimo prazo). Eu e Cláudio iremos morar por um ano na França, depois que eu me aposentar, claro, não posso largar tudo e ir embora assim, sem quê nem mais. Será preciso muito planejamento até lá. Mas a França que nos aguarde!

Parreiral do Château du Clos de Vougeot - um dos mais famosos da Borgonha

Château du Clos de Vougeot – um dos mais famosos da Borgonha

Uva Pinot Noir - um dos poucos cachos que ficaram pós-colheita

Uva Pinot Noir – um dos poucos cachos que ficaram pós-colheita

Vou falar um pouquinho hoje da terra mais gostosa (literalmente) que conheci na França até hoje: a Borgonha, ou melhor, Bourgogne (segundo a minha professora de francês da Unirio, a Beth Rocha, não deve-se traduzir nomes de cidades ou regiões francesas). Esta região se localiza na França Central, abaixo da Champagne, e é muito rica – histórica, cultural, econômica e gastronomicamente. Sua capital é Dijon (lembram da mostarda?!) cuja cultura e gastronomia são fora de série. A cidade floresceu com o Ducado de Bourgogne, importante estado da Europa Medieval. Mas não fiquei hospedada lá, pois meu objetivo era conhecer mais de perto uma outra faceta da região: seus famosos vinhos de uva Pinot Noir, uma uva de difícil cultura e vinificação, mas que produz alguns dos melhores vinhos e dos mais caros do mundo (a exemplo do Romanée Conti). Dizem os especialistas que o “terroir” se expressa muito bem nesta região, onde cada detalhe reflete no sabor do vinho: o solo em que foi plantada a videira, o sol que ela recebe durante o dia, a altitude, o vento, o clima, o momento ideal de colheita…

Fiquei num simpático hotel, o Le Clos de la Vouge, em Vougeot, bem na Côte d’Or, entre as cidades de Dijon e Beaune. O pedacinho de terra mais importante, conhecido e valorizado pelos especialistas, pois é onde está a maioria dos Grand Crus (mais elevada designação que um vinhedo pode receber na Bourgogne). Não poderia ter escolhido local melhor! Em meio a infinitas plantações de uva, castelos (châteaux) e caves de degustação. Pena que só tivemos um dia inteiro para explorar a região, e ainda assim, choveu durante a manhã inteira. Apesar do contratempo, visitamos algumas caves, fizemos algumas degustações e compramos dois vinhos Grand Crus para trazermos para o Brasil. E comemos muito bem!!!!! Nooooossa, como comemos!!!

Pequena cave para degustação próxima a Beaune

Pequena cave para degustação próxima a Beaune

Mousse de chévre

Mousse de chévre

O restaurante que escolhemos para almoçar foi o L’Alambic (nome bem sugestivo….), que vcs podem entrar no link e ver como ele é lindo. O amuse-bouche nos encantou logo: uma mousse de queijo chévre (cabra) produzido na região.

Cláudio foi no menu dégustation e eu resolvi pedir apenas os famosos escargots a bourguignonne e uma l’assiete de queijos (quatro tipos diferentes para degustação).  Os escargots estavam deliciosos, em forminhas de louça, imitando as conchinhas deles, uma graça.

Escargots a bourguignonne

Escargots a bourguignonne

 

Para Cláudio, uma deliciosa mousseline de peixe com legumes e molho de camarão. Depois chegou minha “l’assiete”, contendo os queijos regionais Époisses, Comté e Brie (o Époisses é divino! tem uma crosta dourada e por dentro é super cremoso, com um sabor forte, do jeito que eu gosto). Tomamos o vinho da casa, fabricado ali mesmo, Pinot Noir, claro.

Mousseline de peixe com molho de camarões

Mousseline de peixe com molho de camarões

Queijo Époisses da Bourgogne - incrível

Queijo Époisses da Bourgogne – incrível

À noite, tivemos um outro banquete memorável, no restaurant Chez Guy, em Gevrey-Chambertin. De entrada, pedi uns escargots com molho pesto (éééé pessoal, lá na Bourgogne também rola essa história de comida contemporânea e releituras de clássicos da cozinha francesa!!).

Escargots e cogumelos ao molho pesto

Escargots e cogumelos ao molho pesto

Depois comi o que encontrei de mais típico no reduzido cardápio: uma lebre cozida durante 12 horas em vinho tinto. Derretia na boca… Eu não preciso dizer mais nada, preciso??!!

 

Lebre cozida no vinho tinto com legumes

Lebre cozida no vinho tinto com legumes

Vinho Bourgogne - Domaine de Mercey

Vinho Bourgogne – Domaine de Mercey

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