A 75 km do Rio, encontra-se a cidade serrana de Teresópolis, situada a mais de 800m de altitude, o que faz dela a mais alta do Rio de Janeiro e, consequentemente, uma das mais frias. Ao final da subida da serra, que aliás é uma estrada belíssima, é obrigatória a parada no Mirante do Soberbo, com vista incrível do Dedo de Deus (formação rochosa que lembra mesmo uma mão cujo dedo indicador está apontando para o céu) e, quando o dia está limpo, dá pra ver a Baía de Guanabara… incrível, gente… Tava assim quando subimos no sábado passado.
Éramos um time de futebol completo: 11 pessoas, hahaha. E mais o motorista da van, que contratamos para nos levar até a Vila St Gallen – a casa da cerveja Therezópolis. Um lugar bem legal, com três diferentes ambientes gastronômicos. Tem inclusive uma reconstituição de uma vila germânica (com mesinhas, igrejinha, lojas, café, etc), muito simpática. Você pode fazer degustação e harmonização das diversas cervejas puro malte que eles produzem, ou mesmo fazer a visita guiada para conhecer a história e descobrir como são fabricadas as cervejas Therezópolis. Programão não é?! Eu já fiz isto em outra oportunidade, inclusive, com direito a anotações minuciosas sobre as “notas” de amargor, doçura e acidez de cada uma delas. Mas desta vez, fomos apenas degustar alguns chopes deliciosos, uns 4 tipos diferentes, apenas pra fazer uma horinha… É que nosso objetivo neste dia era maior: almoçar no Restaurante Dona Irene.
Dona Irene é o nome do tradicionalíssimo e antigo (de 1964) restaurante russo que fica em Teresópolis. Os fundadores (um casal) eram siberianos, conhecidos pelos nomes de “Miguel e Irene”. Hoje o restaurante é tocado pelo casal José Hisbello Campos (primo meu de 4º ou 5º grau, hehehe!) e Dona Maria Emília. Eles fazem parte da história do restaurante, pois eram vizinhos dos russos, em Teresópolis. Desde o início, Emília ajudou Irene na cozinha, foram muito amigas, aprendeu tudo com ela, inclusive a fabricar a tão aclamada vodca da casa (Nazdaróvia), feita com frutas e cereais (e que ela não revela a receita de jeito nenhuuuuummmm!!!!). Com a morte de Irene, há uns 15 anos, Emília e Hisbello assumiram naturalmente a administração do restaurante.
Mas vamos ao que interessa… chegamos lá por volta das 14h. Já nos esperavam os anfitriões, uns queridos. Nossa mesa redonda de 11 lugares estava reservada, em nome das “primas”: Miryan (minha mãe) e eu. As refeições seguem o ritual tradicional (da época dos czares na Rússia) desde que foi fundado até hoje. Sempre divididas em 4 etapas. Junto com a primeira etapa vem a vodca Nazdaróvia, em garrafa pequena e envolvida em grossa camada de gelo, para você se servir à vontade. Para quem é amante dessa bebida destilada vai achar uma maravilha. Segundo o costume russo, existem três regras básicas para o consumo da vodca: 1º – nunca beber sozinho; 2º – nunca beber sem comer alguma coisa logo em seguida; 3º – nunca tomá-la em pequenos goles ou misturada com gelo ou tônica, mas de uma vez só (nossa!!! Eu confesso que tomar pura e de uma vez só não é o meu forte… dei uns goles pra conhecer, mas depois preferi me resguardar no vinho tinto!).
Então… vamos à primeira etapa, que acompanha a vodca: os “Zakuskis“, que significa “pequenos bocados”. Na verdade, uma imensa variedade de “tapas”, entre elas, o caviar (delícia), arenque, ovos recheados, salmão, patês, beterraba (delícia também) e rabanetes em conserva, etc. Uma fartura, gente, cada coisa mais gostosa que a outra. E tome vodca!!! kkkk.
Na segunda etapa é servida a famosa sopa “Borscht“, cujo principal ingrediente é a beterraba. Bem interessante, eu achei, meio exótica. Servida morna e acompanhada de bolinhos fritos ótimos, chamados “Pirozhkis“, recheados com carne. Em seguida, serviram-nos asas de frango fritas, super crocantes, uma maravilha. Não estão acreditando né?! Quem imaginaria que asas de frango fritas poderiam ser uma “maravilha”?! Eu mesma não acreditaria… mas era! Serviram também berinjelas e abobrinhas gratinadas, uma no molho de tomate, a outra em molho branco. E isto tudo foi só a segunda etapa…
A terceira etapa é constituída dos pratos principais, que podem ser escolhidos quando você fizer a reserva. Para nós, foram servidos alguns dos pratos, escolhidos pelos nossos anfitriões:
1. Frango à Kiev, crocante e com direito à esguicho de manteiga ao ser cortado, hehehe.
2.Varênique, típico da Ucrânia, que consiste nuns pastéis recheados de batatas e ervas, acompanhados de filé mignon grelhado. Adorei!
3. Pojarski, preparado com frango moído, queijo gorgonzola, em forma de almôndegas, recobertas de croutons dourados.
4. Podjarka, feito com escalopinhos de frango e filé mignon, champignon, molho de ervas, batatas noisettes, flambado e gratinado.
5. Beef Strogonoff, o mais famoso dos pratos russos, nem precisa apresentação! E se quiserem prepará-lo em casa, que aliás é um ótima sugestão pra receber a família, é só seguirem a minha receita. Não é igual ao da Dona Irene, mas é sucesso garantido também!!!
E a comilança não acaboooooou!!!
As sobremesas não são muitas, mas todas são apetitosas, incluindo a “charlotte russa” (criada por um chef francês, para os czares russos). Mas escolhi uma sobremesa criada pela casa atual, com suspiro, creme chantilly, amoras em calda. Não me arrependi, estava ótima!
Ao final do excelente almoço, nosso anfitrião ainda nos contou muitas histórias do passado, de sua juventude, mostrou-nos fotos de sua família, filhos e netos. Dona Emília também nos cumprimentou, apesar da casa estar cheia. Enfim, foi um sábado para guardar na memória. Abaixo, o time quase completo (eu estou tirando a foto!):
Que máximo, Lu!
Tenho muita vontade de conhecer esse restaurante, minha cunhada sempre falou dele!
Na minha próxima ida vou colocá-lo na lista. Tb não sou do time da vodka não, mas posso fazer um esforço só por tradição hehehe.
Super beijo!
Oi Flavinha!! Não deixe mesmo de conhecer o Dona Irene, vale muito a pena!! E quanto à vodca, você tem razão, não vai quebrar a tradição né?! rsrsrs.
Beijos!!