Quando faço viagens com foco na gastronomia, procuro pesquisar algumas opções recomendadas pelo Guia Michelin, Tripadvisor ou dicas em blogs de viagem. Certa vez, a dona de uma pousada (na cidade de Porto) em que eu havia feito uma reserva me escreveu, se colocando à disposição para fornecer dicas. Eu então solicitei uma sugestão de restaurante e ela me indicou um excelente, que até postei aqui, o ODE Wine House.
Durante esta minha última viagem fui a dois restaurantes com uma estrela Michelin. Um deles em Frankfurt, o “Français“, cujo experiência fantástica já contei aqui no blog. O outro foi em Baden-Baden, na Alemanha. Inicialmente, achei estranho ter restaurante estrelado por lá. Não que eu tenha algum preconceito com a gastronomia alemã, mas achei que os franceses pudessem ter, afinal o guia Michelin é francês. Mas depois entendi tudo, o restaurante se chamava “Le Jardin de France“!!!! Observem que os dois restaurantes estrelados que fomos na Alemanha eram franceses (coincidência?!!)…
Chegamos na cidade já praticamente na hora do almoço, o tempo estava bem esquisito. Antes mesmo de conhecermos o centro da cidade, nos diriginos ao Le Jardin. Estávamos comemorando o término de nossa primeira semana na Europa. O ambiente lembrava um jardim de inverno, teto de vidro, arborizado por fora, muito charmoso. Na verdade era situado no pátio interno de um grande prédio comercial.
Pedi um vinho da região (Baden-Württemberg), de uva riesling, muito bom. Nos trouxeram em seguida os tradicionais “amuse-bouches”. Um deles se tratava de um creme de agrião com espuma de maçã, com croutons. O outro era de berinjela com pimentões vermelhos. Ambos muito bons. Mas o melhor ainda estava por vir. Nossos pratos principais estavam um escândalo de gostosos. Comer fora do Brasil tem isto de bom, normalmente os pratos nos surpreendem por terem outra gama de ingredientes, com outras interpretações.
O meu prato foi o “peixe do dia”, que era o Saint Pierre (nossa tilápia) grelhado. Mas o que estava incrível mesmo era o risotto que o acompanhava, preparado com cogumelos do tipo “morille” e aspargos frescos. Fantástico. Meu marido preferiu um “ris de veau”, que traduzindo… trata-se do timo (órgão linfático que se localiza na caixa toráxica) e pâncreas (glândula do sistema digestivo) do veado. Chocados? Bizarro, não?!! Mas ele adorou! Também acompanhado de cogumelos “morilles”, aspargos e molho “bordelaise” (tradicional molho feito com vinho de Bordeaux).
Para fechar, pedimos um crème brulèe, tradicionalíssimo na França. Estava perfeito.
Mais alguns amuse-bouches doces, um café e a conta: 150 euros, já com a gorjeta (normalmente damos 10%, porque eles não estipulam o valor). Se me perguntarem se valeu a pena, respondo sem hesitação que sim! No Brasil, num restaurante deste nível, certamente pagaríamos mais.
Depois fizemos a digestão caminhando pelo centro da cidade, fomos ao famoso cassino que funciona desde 1838, e que tinha Dostoiévski como seu frequentador. A construção (“Kurhaus”) é luxuosíssima e não passei do saguão, rsrsrs. Parece que a cidade toda gira em torno dessas roletas…
Perto do cassino ficam as também famosas termas (“Trinkhalle”), construídas em 1842, com belos afrescos. Em seu interior há uma fonte de água mineral. Existem outras termas de luxo na cidade. Depois disso começou a chover, primeiro de leve, depois a coisa engrossou legal. Fomos forçados a voltar para o hotel. Nesta noite, dormi com fome, pois meu marido teve uma enxaqueca e precisei ficar em silêncio e bem quietinha até o dia seguinte! Ainda bem que foi apenas nesse dia. A partir daí, ele não tomou mais uma gota de vinho sequer! Ele. Não eu, rsrsrs.