Em 2011 estive no restaurante ORO do Felipe Bronze, o mago da cozinha (não há termo mais apropriado!), vocês podem conferir o post que escrevi na época aqui. Ontem, a convite de meu marido, fomos jantar lá outra vez, juntamente com meu enteado e sua esposa. Era pra ser mesmo uma noite muito especial, pois estávamos comemorando a visita da cegonha ao nosso clã!!!
E foi realmente tudo perfeito. Esse cara é genial. Para mim, seus pratos vão muito além de invencionices modernas de cozinha contemporânea. São uma provocação aos nossos sentidos! Além de visuais fantásticos, são criativos e muito saborosos. Um verdadeiro artista, esse Felipe…
Éramos 4 e todos optamos pelo menu “confiance” de 7 cursos (6 pratos salgados e 1 sobremesa). Pedimos vinho a parte, mas é possível pedir os pratos já harmonizados, e neste caso, vem uma taça de vinho para cada um, inclusive para a sobremesa.
O primeiro curso era uma variedade incrível de “amuse-bouches” (termo francês que designa pequenos tira-gostos que precedem uma refeição). Um deles, era um caldinho de feijão com espuma de couve, acompanhado de um torresmo, que não era de “verdade”, daqueles feitos com pele de porco, mas tinha o mesmo sabor e mesmo visual do verdadeiro. Na minha concepção, parecia feito de mandiopan. Ótimo! Também tinham outras delícias, como as bolinhas que estouravam na boca com sabor de alho, bolinhas de cebola e o castiçal cheio de falsas “velinhas”, que na verdade eram cones delicados de milho, com recheio de queijo catupiry e pó de pipoca por cima. Um barato! Ah, e não posso esquecer das mini barriguinhas de porco que eram de se comer ajoelhado, agradecendo a Deus…
Depois dessas surpresinhas todas, veio o segundo prato: vieiras (molusco que mora naquela concha em forma de leque, símbolo da Shell) grelhadas, com uma espuma de castanhas cruas e finíssimas fatias de picles de maxixe. Muito delicado.
Terceiro prato e o melhor de todos a meu ver: um ovo frito “fake”, rsrsrs. Na verdade era uma gema cozida lentamente, o que a deixou macia, como um creme, sem cozinhar. Em volta, um purê de batatas e por baixo dela, couve mineira e pequenos croutons sabor bacon. Show de bola!
O quarto prato eu já havia comido da outra vez que estive lá (mas na ocasião ele utilizou lagostins): Cavaquinhas grelhadas, com crispy de pupunha (espécie de palmito) e creme de pistache. Super saboroso.
Já o quinto prato, também bem delicado, um “black cod”, que pelo que pesquisei, é um peixe que vive em águas profundas do Alaska, e que é muitas vezes chamado de “bacalhau-preto”, mas não é da família do bacalhau. Ele vinha acompanhado de uma folha de capuchinha (planta que possui flores e folhas comestíveis), pupunha fermentada e um caldo de galinha tostado. Parece estranho, mas tava bem interessante, com um sabor suave, para não brigar com o peixe que tinha uma carne branca e macia.
Para finalização dos pratos salgados, veio um porquinho de leite cozido em baixa temperatura, acompanhado de nhoques de canjiquinha e queijo mineiro, incrivelmente macios, com caldo que era uma redução do próprio assado do porco. Deeeliiiiiiiciiiiiioso.
E pra fechar com chave de ORO (o trocadilho foi inevitável, haha) a sobremesa era um conjunto de diversas porçõezinhas de doces caseiros com sabor de infância! O tema era “Brasilidades”, sugerindo a exploração de ingredientes tipicamente brasileiros. Pipoca caramelada com sal de cumaru (árvore da família das leguminosas, nativa do Brasil e outros países da América do Sul), pudim de leite com amburana (árvore típica do sertão nordestino, cujas sementes podem ser utilizadas na gastronomia e na perfumaria) , brigadeiros super macios e crocantes por fora (com farelos de biscoito de casquinho de sorvete, segundo fomos informados, o que achei uma excelente dica), doce de leite com chocolate e pimenta, chocolates do tipo “twix” na versão do chef, castanhas-do-pará açucaradas, pequenos flans de queijo com goiabada cascão, popularmente conhecidos por “romeus-e-julietas”, lindos, e mini-tortinhas de limão e tapioca. E não acabou por aí!!!!! Trouxeram uma espuma de coco que foi “congelada” na hora, em nitrogênio líquido, deixando-a bem crocante por fora e macia por dentro. Geeeente, o que era aquilo…
Ao final de tudo, quando já não conseguíamos mas nem respirar, lá vem a nossa simpática garçonete com mais um pratinho de brigadeiros, porque tinha escutado a gente comentar que estavam deliciosos! E nós fizemos o sacrifício de comê-los, claro, não poderíamos fazer feio né?!!!
Eu também não poderia deixar de mencionar o perfeito serviço prestado pelos garçons, garçonetes e maître. Todo o ritual estava muito bem cadenciado. Talheres sempre trocados, tempo bem calculado entre um prato e outro, louças lindas e decorativas, além de muita atenção e simpatia de todos os funcionários. O Chef Felipe Bronze está de parabéns. Como eu mencionei no título, ele é ORO!
Ainda n consegui convencer meu marido… Vc sabe que ele n é chegado em “cozinha contemporânea” ….. Mas, confesso que fiquei com MTA vontade de conhecer, depois de ler seu post!!!!
Bjs, Bia
Pois diga a ele, Bia, que é puro preconceito, rsrsrs. Pode se dizer que é uma comida bem diferente, com visual moderno, esquisito, qualquer coisa do tipo, mas que no caso do Felipe Bronze, tudo é saboroso, isto é! Ele cozinha muito bem e os ingredientes de primeira qualidade. Beijos e saudades!!!!