Champagne – França

Em 2006 eu li um livro chamado “Champanhe – Como o mais sofisticado dos vinhos venceu a guerra e os tempos difíceis”, dos autores Don & Petie Kladstrup, casal de jornalistas que já havia feito muito sucesso anteriormente com outro livro, o ” Vinho & Guerra” (este eu não li, ainda). Na época em que li o livro, fiquei fascinada com a saga do champanhe, com os personagens admiráveis envolvidos em todas aquelas histórias (como Dom Pérignon e a Viúva Cliquot), com aquela região francesa tão castigada com as guerras, pragas, mudanças climáticas e apesar de tudo isto, tantos exemplos de coragem e de superação, que tranformaram o champanhe no que ele é hoje, um vinho associado sempre às grandes celebrações. Uma bebida cheia de charme e glamour. Depois da leitura deste livro, prometi a mim mesma que quando fosse à França, iria visitar a região da Champagne.

Em frente às plantações de uva da Mercier, uma das maiores vinícolas produtoras de champanhe

Fui à França em 2008, mas ainda não foi daquela vez que visitamos a Champagne. Na ocasião, eu e Cláudio decidimos começar a viagem pelo sul (Côte d’Azur) e terminar no Vale do Loire, passando por Bordeaux. Mas nesta viagem que fizemos no mês passado, eu não poderia deixar de passar pela Champagne de jeito nenhum! Eu precisava visitar algumas caves, explorar nem que fosse uns poucos metros das centenas de quilômetros de galerias subterrâneas existentes lá. Só a Moet & Chandon possui ao todo 28 km de túneis escavados em pedras calcárias (que mantêm a temperatura ambiente ideal para os vinhos). Esses túneis abrigam milhões de garrafas, dá pra imaginar??!! Outra coisa que aprendi nessas leituras e viagens é que o champanhe raramente é feito de um só vinho. Normalmente é uma mistura de uns trinta ou quarenta vinhos, inclusive de safras diferentes, daí o segredo dos chefes de adega, que são responsáveis pelo controle de qualidade do produto final. Quanto às uvas utilizadas, só são três: a Pinot Noir, Pinot Meunier e a Chardonnay.

Galerias subterrâneas da Moet & Chandon

Champanhes que degustamos na Moet & Chandon, vintage 2002 (safra especial)

Uma incrível curiosidade histórica é que durante a primeira guerra mundial, quando as cidades francesas de Reims e Epérnay foram atacadas pelos alemães, milhares de pessoas se mudaram para as cavernas, onde dormiam, comiam e trabalhavam. Havia inclusive hospitais subterrâneos, onde mulheres tinham até os seus bebês. Crianças iam à escola nas caves. A Catedral de Reims, palco das coroações dos Reis da França, foi bombardeada em 1914. Tropas francesas pilharam os vinhos e deixaram milhares de garrafas vazias…

Eu e o casal de amigos Dudu (chef de cozinha) e Regina, em frente à Catedral de Reims

O monge Dom Perignon viveu entre 1638 e 1714

Diz-se que o monge Dom Pérignon foi figura central na criação do champanhe. Ele era responsável pela despensa da abadia de Hautvillers,  e observou que os vinhos sofriam uma segunda fermentação depois de engarrafados, produzindo as “indesejáveis” borbulhas que estouravam as garrafas. Ele então experimentou amarrar as rolhas com arame, conseguindo “segurar” a segunda fermentação dentro da garrafa e criando assim o champanhe. Já a Veuve Clicquot desenvolveu a técnica de remuage, que consiste em girar periodicamente as garrafas, deixando-as inclinadas, até que todo o sedimento seja deslocado para o gargalo, quando então a rolha é retirada (juntamente com o sedimento) e o vinho é novamente arrolhado, adquirindo uma cor mais clara e cristalina.

Nicole-Barbe Clicquot, a famosa Veuve Clicquot

São muitas, muitas histórias interessantes que giram em torno do champanhe e indico este livro àqueles que se interessam por esta bebida tão única. Uma leitura complementar seria a biografia da Veuve Clicquot, que estou lendo agora e já estou adorando. Ah! não resisti e trouxe (da própria vinícola) uma garrafa de champanhe rosé, da Moet & Chandon, Grand Vintage 2002, para nosso próximo reveillon, em Fernando de Noronha… TIM-TIM!!

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